sexta-feira, 23 de janeiro de 2009





Richard Simonetti é de Bauru, Estado de São Paulo. Nasceu em 10 de outubro de 1935.Filho de Francisco Simonetti e Adélia M. Simonetti. Casado com Tânia Regina M. S. Simonetti.Tem quatro filhos: Graziela, Alexandre, Carolina e Giovana.Participa do movimento espírita desde 1957, quando integrou-se no Centro Espírita "Amor e Caridade", que desenvolve largo trabalho no campo doutrinário de assistência e promoção social.Articulou o movimento inicial de instalação dos Clubes do Livro Espírita, que prestam relevantes serviços de divulgação em dezenas de cidades.É colaborador assíduo de jornais e revistas espíritas, notadamente "O Reformador", "O Clarim" e "Folha Espírita".Funcionário aposentado do Banco do Brasil, vem percorrendo todos os Estados brasileiros e alguns países em palestras de divulgação da Doutrina Espírita.

Entrevista - Folha Espírita

Conte um pouco da sua história pessoal e faça uma resumo de seu envolvimento com a Doutrina Espírita.
Tive a felicidade de nascer em lar espírita. Meus pais trabalharam como médiuns. Minha mãe esteve ligada ao Centro Espírita Amor e Caridade, de Bauru, durante décadas. Tomado pela timidez, pouco freqüentei a tradicional evangelização infantil e efêmera foi minha passagem pela Mocidade Espírita, que deixei de freqüentar a partir do momento em que me escalaram para a breves comentários em torno de tema doutrinário. Amarelei. Em 1957, com 22 anos, já no movimento adulto, decidi enfrentar o público, numa reunião que me parecia freqüentada por uma “multidão”. Eram perto de 30 pessoas. Passava mal. Torcia por um temporal que reduzisse drasticamente o comparecimento. Com o tempo fiquei “sem vergonha”. Tenho passado minha experiência para jovens tímidos, como eu, procurando demonstrar que tudo depende de nosso esforço e a coragem de enfrentar nossas limitações. Com o tempo adquirimos a autoconfiança que nos permite enfrentar com tranqüilidade qualquer público.

E os livros? Como explica seu envolvimento com a literatura espírita, com 34 livros publicados?No dia 19 de fevereiro de 1957 fiz meu début como expositor espírita. Ainda com as pernas bambas, mas aliviado porque a provação terminara, ouvi minha mãe ler vidências que anotara durante a reunião. Duas relacionavam-se comigo. Observou um jovem que saia alegremente de uma livraria, sobraçando muitos livros, e um mentor dfa casa a entregar-me uma chave e um punhado de folhas de papel em branco. Hoje entendo que havia um compromisso com a literatura espírita. Os livros representavam o convite ao estudo; a chave, uma abertura para uma nova atividade, nas folhas de papel em branco, que se transformariam em livros. Em 1963, despretensiosamente, remeti um artigo para o Dr. Wantuil de Freitas, Presidente da FEB, aventado a possibilidade de aproveitamento na revista Reformador. Para minha surpresa, foi publicado, dando início ao meu trabalho como escritor. Desde então, tenho a honra de pertencer ao quadro de articulistas desse que é o nosso mais importante periódico espírita. Aquele artigo, Medicina Pioneira, abre Para Viver a Grande Mensagem, meu primeiro livro, editado pela FEB, em 1970, graças à generosidade de seu presidente.

O que representa o Espiritismo em sua vida?
O Espiritismo é a própria vida a circular em nossas veias, sustentando-nos o bom ânimo, na medida em que define os porquês da existência, de onde viemos, por que estamos na Terra, para onde vamos, rumo a gloriosa destinação.

Como deve ser a atuação do espírita na sociedade?
Há um termo em moda: cidadania. Ressalta-se o exercício da cidadania como a reivindicação de nossos direitos perante a sociedade. Na verdade o termo é bem mais amplo, envolvendo, sobretudo, nossos deveres. O Espiritismo enfatiza justamente esse aspecto, ajudando-nos a superar o egoísmo milenar que inspira o “viver para si”, entendendo que é preciso, sobretudo, “viver para os outros”, cumprindo a orientação de Jesus. O Mestre deixou bem claro que edificaremos o Reino de Deus na Terra na medida em que estejamos dispostos a fazer pelo semelhante o bem que gostaríamos nos fosse feito.

Como está o movimento espírita?
Depende do enfoque. Se considerarmos a ação social espírita, vai muito bem. Embora sejamos uma minoria, o trabalho social espírita ombreia-se com as religiões majoritárias, o que significa que fazemos b em mais, proporcionalmente. Se considerarmos a divulgação da doutrina, fundamental ao cumprimento de seus objetivos, estamos mal. Somos acanhados e reticentes quando se trata de unir esforços, envolvendo revistas, jornais, radio, televisão… há muito deveríamos ter um canal de televisão e periódicos espíritas consistentes nas bancas e livrarias.

O que deve ser feito para que o Espiritismo seja melhor divulgado?
Fundamentalmente, que nos envolvamos tanto com a divulgação da Doutrina quanto estamos envolvidos com o trabalho filantrópico. Estamos superando o estagio de mero atendimento de necessidades imediatas para a promoção dos assistidos, naquele “entinar a pescar”, além de “dar o peixe”. Isso é ótimo. Não obstante, mais importante que promover o homem perecível é conscientizar o Espírito imortal em trânsito pela Terra. Por isso Emmanuel proclama que a maior caridade que podemos praticar como espíritas é a própria divulgação da Doutrina. Creio que sempre ajudará, nesse particular, usarmos a imaginação. Foi o que fizemos em Bauru, em 1976, iniciando uma ampla campanha de instalação de Clubes do Livro Espírita, um ovo de Colombo da divulgação espírita, que entrega mensalmente, aos associados, livros espíritas especialmente selecionados, a preço reduzido. Hoje há dezenas de CLES em nosso país e o número só não é bem maior, porque os dirigentes espíritas não para pensar no potencial dessa idéia tão simples na execução, e de resultados tão amplos na realização.

Pinga-fogo
Temas: Espírito e Nascimento dos Espíritos


Espírito
1 – Qual o significado da palavra espírito?
Como costuma acontecer com boa parte dos termos, na língua portuguesa, ela tem vários significados, como entidade sobrenatural, sopro criador de Deus, princípio vital, pensamento, mente, inteligência,tendência, fantasma, real, característica, bebida alcoólica… Para o Espiritismo, conforme está em O Livro dos Espíritos, questão 76, Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o universo fora do mundo material.

2 – Esse “fora do mundo material” significa que não estão na Terra? Por que, então, são observados, freqüentemente, agindo entre os homens?
É uma outra dimensão, que interpenetra o mundo físico. Se morrêssemos neste momento, afastando-nos do corpo, estaríamos de imediato no mundo espiritual, embora na crosta terrestre, ao lado de nosso corpo. Imaginemos que vivêssemos num mundo de duas dimensões, como ocorre com as sombras. Se viéssemos para a terceira dimensão, continuaríamos em contato com a segunda, observando-a, mas não seríamos vistos por seus habitantes.

3 – Os Espíritos ficam sempre ao lado dos homens?
A dimensão espiritual projeta-se muito além do plano físico, envolvendo o infinito. Permanecem na Terra, jungidos aos homens os Espíritos ainda presos ás paixões e seduções da vida material.

4 – Isso significa que o na medida em que o Espírito evolui, tende a desligar-se dos laços afetivos?
Ao contrário. Quanto mais evoluído é o Espírito, mais estreitos os laços de afetividade que o ligam aos seres amados. Apenas tendem a desaparecer os impulsos passionais, o afeto egoístico que pretende controle sobre o ser amado. Eles nos acompanham, nos inspiram, nos ajudam, sem nada impor ou violentar nossa vontade, a espera de que nos ajustemos às Leis Divinas, para que o reencontro no Plano Espiritual ocorra em bases de vitória sobre as fragilidades humanas.

5 – Qual a diferença entre Alma e Espírito?
São sinônimos. Kardec estabelece uma distinção. Alma seria o Espírito encarnado. Espírito seria a alma desencarnada. No Brasil não pegou. Aqui dizemos simplesmente Espírito encarnado ou Espírito desencarnado.

6 – Qual o objetivo de Deus ao criar Espíritos?
Essa é uma boa pergunta para fazermos ao próprio Criador, cujos desígnios são indevassáveis para a frágil mentalidade humana.

7 – Deus cria o Espírito no momento da concepção, como ensinam as religiões tradicionais?
Se, conforme a questão citada, os Espíritos povoam o Universo, fora do mundo material, forçoso admitir que já existiam antes dele. Conseqüentemente, sua criação não pode ser vinculada à concepção.

8 – Isso significa que nossos filhos têm uma história anterior, que desconhecemos?
Sim, todos nós. Não é novidade. Referindo-se ao nascer de novo, no célebre diálogo com Nicodemos, em que afirma que ninguém verá o reino de Deus se não nascer de novo, atendendo à dinâmica da reencarnação, Jesus afirma que o Espírito sopra onde quer. Não sabemos de onde vem, nem para onde vai. Se viesse a partir da concepção, saberíamos que surgiu a partir daquele momento, por um ato divino.
Livro Espiritismo, Tudo o que Você Precisa Saber – Inédito

Nascimento dos Espíritos
1 – Como nascem os Espíritos?
Questões dessa natureza são inabordáveis para a frágil inteligência humana. Não obstante, sabemos que o Espírito não é criado num átimo, instantaneamente, no momento da concepção, como sugere a teologia ortodoxa.

2 – O ser humano nasce a partir de uma gestação no ventre materno, que se estende por nove meses. E o Espírito?
Diríamos que há uma “gestação” no ventre da Natureza, com prolongado estágio entre os seres inferiores, envolvendo milhares de anos, sob orientação de técnicos da espiritualidade e os estímulos do instinto.

3 – Isso significa que animais e vegetais têm Espírito?
Possuem um princípio espiritual. Ao perpassar de longas eras ele desenvolve-se em complexidade, até atingir o estágio que lhe permita exercitar a razão. Paralelamente, conquista o livre arbítrio e passa a desdobrar suas experiências evolutivas não mais sob o domínio dos instintos, mas a partir de suas próprias iniciativas.

4 – Um rato, um cachorro, um inseto, uma ave, um peixe ou qualquer vegetal, todos possuem um princípio espiritual em evolução? E todos serão um dia Espíritos?
Exatamente. Não há vida sem a contraparte espiritual. O princípio espiritual, que a todos anima, será Espírito, o ser pensante, um dia. Há uma unidade de vistas na obra da Criação. Deus não admite privilégios. Estamos todos a caminho de gloriosa destinação.

5 – Isso explica por que há indivíduos que guardam um jeito animalizado, agressivos como um leão, covardes como uma hiena, venenosos como uma cobra… Estagiaram por lá há pouco?Comportamentos dessa natureza revelam nossa natureza ainda mais próxima da animalidade, distante da angelitude. Todavia, não revelam uma influência próxima, porquanto a transição do princípio espiritual, a alma dos seres inferiores, para o ser pensante, não ocorre na Terra, mas em outros planos do Infinito, demandando largo tempo.

6 – Há uma escala a ser observada pelo princípio espiritual em evolução, envolvendo espécies e raças, no reino vegetal e animal? Arbusto, árvore, inseto, peixe, ave, mamíferos…
A lógica nos diz que existe esse escalonamento, mas não sabemos como se opera e não deve envolver todas as espécies e todas as raças, mesmo porque, no dinamismo da evolução, surgem e desaparecem espécies ao longo de milhões de anos que sustentam os processos evolutivos.

7 – Se o princípio espiritual passa por vários estágios nos reinos inferiores, isso significa que ele está submetido à reencarnação?
Sim, faz parte do processo. O princípio espiritual desdobra experiências reencarnatórias, sempre conduzido pelo instinto, desenvolvendo-se em complexidade, conquistando estágios superiores, até atingir condições para transformar-se num Espírito.

8 – Se o princípio espiritual que anima um cachorro é imortal e irá para a espiritualidade quando morrer seu corpo, isso significa que poderemos reencontrar animais de estimação, quando partirmos para o Além?
É possível mas improvável, já que, normalmente, a “alma” dos animais permanece pouco tempo na espiritualidade, logo sendo reconduzida à vida física.












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